quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Vivian Contra o Apocalipse (Katie Coyle)

Título: Vivian Contra o Apocalipse
Título Original: Vivian versus the Apocalypse
Autor: Katie Coyle
Editora: Agir Now
Páginas: 288
Ano: 2013
Avaliação: ★★★
   
       No livro conhecemos Vivian, uma garota que sempre foi daquelas meninas certinhas: obedecia aos pais, tirava notas boas, não se metia em confusão. Aos 17 anos, Vivian Apple vive em um mundo basicamente dividido entre aqueles que acreditam no Livro de Frick e os que não acreditam. Ou seja, entre os que são Crentes e os que não são. E que diferença isso faz? O dia do “Arrebatamento” está chegando e, de acordo com a Igreja comandada por Frick, apenas os devotos serão salvos. Os pais de Vivian se tornaram Crentes, devotos, e ela recusando-se a fazer parte dessa crença que considera surreal, mal pode esperar para que o Dia do Arrebatamento chegue e passe, só assim ela poderá se ver livre da obsessão dos pais e de todos os outros crentes.

     Na véspera do famoso acontecimento, Vivian vai para uma festa na casa de Harp, sua melhor amiga e só consegue pensar no dia seguinte, onde tudo isso terá terminado. Quando chega em casa porém, no outro dia, percebe que seus pais desapareceram e tudo que deixaram foram dois buracos no teto de seu quarto.  Ela então se vê perdida e sozinha em um mundo que está se tornando desconhecido. As coisas estão confusas, já que nem todos os Crentes foram Arrebatados e, agora, todos parecem mais dispostos do que nunca a reservar sua passagem para o “céu” em uma próxima oportunidade – mesmo que isso signifique destruir os não-Crentes. 
          Sendo assim, como está órfã, seus avós acabam indo buscá-la e ela parte para morar com eles e assim esperar o dia em que aparentemente o fim do mundo irá chegar. Mas quando está lá, percebe que aquele não é seu lugar e volta para casa. Nessa nova realidade hostil, Vivian quer descobrir o que aconteceu com sua família e a única pessoa com quem pode contar é Harp, que tem sua própria cota de sofrimento para lidar. Juntas, as amigas acabam ganhando a companhia de um misterioso garoto de olhos azuis que parece ter muitas informações sobre os seguidores da Igreja, e assim, os três embarcam em uma viagem pelas estradas dos Estados Unidos pré-apocaliptico em busca de respostas.
     Precisando enfrentar seus medos, perdas, sofrimentos, angústias e segredos, o trio passa por poucas e boas, ganhando e perdendo novas companhias na busca pela verdade enquanto descobre que o Arrebatamento foi só o pontapé inicial para algo muito maior.

Considerações: Eu particularmente sou uma amante dos livros YA e já li inúmeras histórias do gênero. Porém, esse livro em especial conseguiu me surpreender muito. Pra começar, a autora foi super original em falar de um apocalipse sem um vírus letal, sem zumbis, sem o mundo se acabando em chamas como na maioria dos livros do gênero. De uma forma simples, ela introduz à sua narrativa um tema muito polêmico que não aborda somente a religião como um todo, mas o fanatismo religioso e como isso é visto por diferentes ângulos na nossa sociedade.
      A crítica religiosa no livro é muito clara e me fez pensar em como esse fanatismo pode levar as pessoas à não enxergarem quem está do seu lado, se acharem superiores, agirem de forma preconceituosa e pior: tentar forçar a todos os outros Não-Crentes a virem para “o caminho certo”.  Ao longo do livro a história parece cada vez mais com o que estamos vendo acontecer no mundo e passa uma certa sensação de alerta: será que um dia chegaremos lá? 
        A autora também faz uma crítica direta ao país dos Estados Unidos, já que no livro, o pastor Frick afirma que Deus só salvou os crentes americanos por causa do capitalismo do país. ~risos~
      Outra coisa que me deixou bastante feliz foi a forma como os relacionamentos foram abordados no livro. Embora tenha romance, temos a amizade improvável e inquebrável entre Harp e Vivian. Duas garotas badass que viram mais do que seria recomendado e que lutam com unhas e dentes para sobreviver nesse mundo louco a espera do apocalipse. 
       Gostei tanto de Vivian que ela entrou pra minha lista de personagens favoritas. Apesar de seu jeito realmente “foda” (como Peter faz questão de dizer) ela é totalmente real e isso foi sem dúvidas o que mais me fez gostar dela. Ela é eu, é você, é todos nós se estivéssemos enfrentando o apocalipse. A Viv é a definição de coragem, de sentir medo e mesmo assim fazer o que precisa ser feito.
       A história é daquelas que se devora rapidinho, pois é muito fluida. A cada hora Vivian e seus amigos acabam fazendo descobertas novas e eu me vi o tempo todo envolvida. Uma única coisa que me incomodou em certa parte do livro foi o romance, pois o mundo estava acabando e em alguns momentos tive a impressão de que a maior preocupação de Vivian era se ia ficar com Peter ou não. Porém depois ela tomou atitudes mais maduras (e sensatas) e a história não focou nisso. Ufa!
      É um livro onde pude perceber claramente a evolução dos personagens e sempre gosto muito quando isso acontece. As reviravoltas e descobertas também foram muito bem boladas, nada surreal ou impossível, a autora soube dosar bem todo o enredo dentro de uma realidade real, mas que mesmo assim não deixa de surpreender.
      Vivian Contra o Apocalipse é uma história sobre amizade, amor, tolerância e crescimento pessoal, deliciosa de se ler. E para todos que tem um pé atrás com YA por achar que é tudo igual, ou que só tratam de temas irrelevantes, leiam esse livro e se surpreendam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário