domingo, 15 de janeiro de 2017

A Garota No Trem (Paula Hawkins)

Título: A Garota No Trem
Título Original: The Girl on the Train
Autora: Paula Hawkins
Editora: Record
Páginas: 378
Ano: 2016
Avaliação: ★★★

     No livro conhecemos Rachel, uma mulher alcoólatra, divorciada e que ainda não conseguiu superar o ex-marido. Todos os dias ela pega o mesmo trem pela manhã e à tarde e como é sempre o mesmo trajeto, ela fica a observar pela janela do trem e repara em uma casa específica onde vive um casal que aparentemente são perfeitos. Ela os observa tanto todos os dias que acaba dando nomes pra eles, Jess e Jason.
        Em um determinado dia enquanto está no trem, Rachel presencia uma cena na casa desse casal e no outro dia a mulher (Jess, que na verdade se chama Megan) é dada como desaparecida. A partir daí, ela não consegue se manter alheia à situação, até porque na noite antes do desaparecimento de Megan, Rachel  estava alcoolizada e só se lembra de no outro dia pela manhã ter acordado em sua cama dolorida e com hematomas. Será que Rachel teve alguma coisa a ver com o desaparecimento de Megan? O que aconteceu naquela casa no dia anterior? Esses são os maiores questionamentos que nos fazemos logo de cara, porém a história é ainda mais complicada do que parece.
       Rachel é uma personagem intragável. Divide um apartamento com uma colega (já que ficou sem casa depois da separação) e nunca conseguiu superar a traição de Tom e desde que o marido assumiu e se casou com a amante, ela vez ou outra inferniza a vida dos dois com ligações e aparições repentinas na casa que antes lhe pertencia. Por nunca ter superado e ainda amar o ex-marido, sente inveja de Jess e Jason (casal que admira do trem) e passa a imaginar cenas e histórias sem ao menos conhecer os dois. Rachel já tinha problemas com o álcool enquanto casada e esse foi um dos fatores que Tom usa como desculpa para a separação, porém tudo só piorou depois do divórcio chegando ao ponto de ela acabar perdendo o emprego por aparecer alcoolizada no local.
         Todos os personagens do livro são extremamente importantes para o enredo. A história se passa em capítulos alternados entre Rachel (protagonista), Megan (a desaparecida) e Anna (atual esposa do ex de Rachel) e isso colabora muito para termos uma visão mais geral das coisas. Megan é um personagem que age de forma estranha, o que depois é explicado pois ela sofreu um trauma muito grande. Porém, não justifica o jeito dela de lidar com as coisas e as pessoas.  A mesma coisa com Ana, a ex-amante e atual esposa do ex-marido de Rachel. Ana é a típica mulher que se acha fantástica porque, vejam bem, é a amante que foi promovida a esposa, ela realmente se orgulha disso. Porém essa autoconfiança falha miseravelmente todas as vezes que Rachel está por perto, e pra ela Rachel é a louca que quer destruir seu casamento.
       Esse é o tipo de história em que criamos milhares de teorias e mesmo assim o final conseguiu me surpreender. Ao contrário de muita gente, não adivinhei o desfecho logo de cara (talvez eu seja um pouco lerda? talvez haha). Ficamos o tempo todo apreensivos para descobrir se Rachel teve ou não a ver com o desaparecimento de Megan e o que de fato aconteceu com ela, aumentando cada vez mais a lista de suspeitos. 
       A autora tem uma narrativa fluida, apesar de toda a história ser por si só meio depressiva. Rachel é uma personagem problemática e se submete a algumas situações que nos faz sentir raiva. Achei ela chata algumas vezes, porém depois acabei gostando da personagem e até entendia seus motivos para agir como agia.
    Por várias vezes o clima da história me lembrou de Garota Exemplar, apesar de ter achado essa história com um enredo mais fraco em relação ao anterior. A “cena chocante” que Rachel vê da janela do ônibus não é nada chocante como a sinopse coloca, é algo totalmente normal que nesse exato momento está acontecendo com várias pessoas. Esse foi um ponto negativo pra mim pois esperava mais dessa cena e fui decepcionada.
      Contudo, foi uma leitura ótima, que me deixou intrigada em vários momentos, me prendeu desde o início. Foi um leitura que me fez refletir como não podemos olhar de fora e achar que as pessoas levam uma vida perfeita, pois ninguém sabe o que se passa da porta para dentro. É um livro que fala também sobre traição, sobre até que ponto as pessoas podem chegar, sobre mentiras, dentre outros temas pesados.
    Recomendo a todos que gostam de um bom thriller psicológico. A Garota no Trem foi minha primeira leitura do ano, sem dúvidas uma ótima escolha.


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