sábado, 28 de fevereiro de 2015

Refletindo os rótulos


            Será mesmo que tudo precisa de uma definição? Andei pensando sobre isso e percebi que na maior parte do tempo estamos procurando palavras para descrever um objeto, uma pessoa, uma relação, um sentimento, ou qualquer substantivo próprio e comum que possa imaginar. Sem direito à defesa tudo sempre acaba sendo sujeito à meras palavras ou pensamentos restritos.
            Vamos estudar literatura. Pegue cinco livros diferentes e pense em uma característica de cada um deles. Em minha mente está passando: drama, ação, suspense, romance – que, por sinal, também é dividido, e consigo me lembrar do romântico, do regionalista, do urbano, do naturalista e do realista – mas todos tem uma definição. Por que não poderia ser só um livro? Por que não o define simplesmente pelo nome e a sinopse? Por que às vezes eu escrevo ou leio um texto e não faço a menor ideia de que gênero ele faz parte e isso não interfere de jeito nenhum na interpretação.

            Agora vamos refletir sobre a vida. Pense em cinco pessoas. Eu me lembro do meu namorado, – que namorado? Socorro, só finge – da minha melhor amiga, do meu colega, da minha amiga mais afastada, do meu primo que eu só gosto mais ou menos e... pronto, tem cinco. Eu não consegui nem mesmo citá-los sem descrever a relação, mas por que necessariamente eu tenho que dizer que aquela garota é minha melhor amiga “para sempre”? Só porque eu passo a maior parte do meu dia com ela e a gente conta tudo? E as outras? São menosprezadas? Daqui a uns anos ela pode nem ser mais minha amiga mais próxima, mas existe essa necessidade de classificar o nível da relação, e fazemos tanto isso que parece ser o mais normal do mundo... talvez seja. Às vezes eu estou saindo com um garoto, mas eu tenho vontade de parar quando percebo que ele começou a tentar definir, por exemplo, quando surgem perguntas do tipo: isso é o que? A gente tá só saindo? Tá ficando, tudo bem, mas e aí? A gente tá namorando? Não, espera, eu não sei, e também não estou nem aí, eu só sei que eu estou me divertindo e parece mais complicado definir esse lance como algo sério porque se por algum motivo eu quiser cair fora, vai ser mais difícil, e vai doer mais. Tá, é desculpa de gente que não quer namorar por pura preguiça, desculpa de quem não quer nada sério, mas não é lei da vida que precisamos enrolar tudo em rótulo de mercantil pra vender imagem, é? Eu mesma me pergunto o que estou sentindo às vezes, mas é torturante não saber, é melhor simplesmente sentir.

            Acho que as pessoas recorrem às palavras para entender melhor o que sentem ou pensam, por fim acho que é muito importante posicionar-se em certas situações para ter uma opinião menos influenciável, ou não expressar-se diferente centena de vezes sobre um mesmo assunto. A questão é que, apesar disso, existem casos nos quais podemos simplesmente ser livre e deixar que a vida defina-se sozinha ou não defina nada e continuemos felizes, porque ao nos apegarmos a certos pensamentos, sabemos muito bem que fica mais difícil ainda mudá-los. Pense bem sobre isso.

2 comentários:

  1. Adorei o texto :3
    Ficou muito bom, sério msm :3
    Vdd q damos rótulo a Td, mas as vezes é angustiante não saber explicar/ expressar algo, e daí vem os rotolos...
    Mas sou contra rótulos de mal gosto ou ofensivos, como os rotolos feitos por pesoas preconceituosas ou ignorastes de mais para repensar uma opinião...
    Mas há sempre um modo positivo de encarar as coisas...
    Como Shakespeare disse "o que se chama Rosa, mesmo com outro nome teria o mesmo perfume."
    Enfim,
    Parabéns
    Bjsss :*
    Meu blog: simplyonestory.blogspot.com

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  2. Raquel, muito obrigada pelo elogio, que bom que se identificou. Espero que continue lendo quando eu postar de novo, olharei seu blog ;D

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